quinta-feira, 17 de outubro de 2013

manifestO > Trilogia Terceira Pessoa > "Kurt Cobain"; "Hey You"; "Inscrição"

TRILOGIA manifestO (2012, 2013, 2014)

"Atualmente (a cultura) não tem nenhuma relação com a sociedade, 
 e esta separação leva-nos a uma conclusão perigosa: 
 que a cultura está estritamente ligada à lei, à produção, ao dinheiro, 
 ao produto nacional, ao status de cada indivíduo dentro da sociedade". 
 Joseph Beuys, in "Cada Homem Um Artista" 

manifestO é a trilogia na qual a Terceira Pessoa explora o teatro enquanto espaço de manifestação estética e política dos seus intervenientes. Em manifestO trabalhamos numa estreita relação com as populações, democratizando uma prática cada vez mais bloqueada por uma sociedade de hiper-consumo. Ao envolvermos pessoas de todas as idades e de vários contextos sócio-culturais na criação e interpretação dos objetos que constituem esta trilogia procuramos, por um lado, criar um espaço ativo de manifestação dos indivíduos na sociedade contemporânea e, por outro, desenvolver um conjunto de ferramentas que estes possam operar para lidarem com a realidade difusa do mundo contemporâneo e elaborarem novas estratégias de vida coletiva. Para além disso, manifestO tem também um forte propósito de formação artística de públicos, aproximando-os às linguagens e processos de criação contemporânea, não só enquanto espectadores, mas também enquanto criadores. 

Na primeira parte desta trilogia, o projeto "Kurt Cobain" (2012), incluiu-se um grupo de jovens dos 13 aos 18 anos de idade. Criou-se, com estes jovens, um espetáculo-manifesto, onde se explorou o teatro enquanto espaço íntimo e coletivo de um grupo específico, enquanto espaço de manifestação de uma geração sem nome. Este foi o primeiro tempo desta trilogia: o tempo do manifesto, enquanto primeiro acorde de uma melodia que procura o eco nos corpos dos seus ouvintes. 

Na segunda parte, no projeto "Hey You" (2013), procurou-se focar um largo espetro humano e social. O palco foi ocupado (literalmente) por um grupo numeroso de pessoas de todas as idades. Em "Hey You - desculpem o incómodo, estamos a tentar mudar o mundo" (espetáculo final do projeto) exploraram-se formas de operar uma revolução no teatro e através dele, num espaço em que o espetáculo se assume como lugar de confronto do público consigo próprio , enquanto coletivo. Ao longo do processo criativo de "Hey You", com 6 meses de duração, construiu-se um work in progress partilhado com o público através de apresentações que aconteceram todos os meses (de janeiro a junho de 2013). Estas apresentações tiveram formatos diversos, desde pequenos happenings, passando por objetos teatrais, até conversas em torno da arte contemporânea intituladas "Serviço Público". Este processo partilhado permitiu ao público o acompanhamento do processo criativo e, consequentemente, uma apropriação progressiva do mesmo. 

E eis que, com o projeto "Inscrição" chegamos à terceira e última parte desta trilogia. Aqui partimos do livro "Portugal, Hoje: O medo de existir" do filósofo português José Gil, no sentido de construir um espetáculo-inscrição pensado para ser apresentado no espaço público. Em "Inscrição" o processo criativo é desenvolvido através de duas oficinas distintas: 

- uma oficina de leitura/dramaturgia, na qual se pretende reunir um grupo de pessoas em torno do livro de José Gil, lendo-o, pensando-o e relacionando-o com outros materiais, no sentido de construir uma dramaturgia para o espetáculo final a apresentar em outubro. Nesta oficina serão ainda produzidas quatro crónicas a publicar quinzenalmente no Jornal Reconquista, durante os meses de fevereiro e março de 2014. 

- uma oficina de teatro na qual se pretende abordar uma formação teatral com pessoas de todas as idades, no sentido de construir o espetáculo final a apresentar no espaço público em julho de 2014, o qual será interpretado pelos participantes desta oficina. 

manifestO traça um arco amplo que, na sua evolução, se vai expandindo a um público cada vez mais heterogéneo e diversificado. 
manifestO é um (des)concerto a três tempos (o do manifesto, o da revolução e o da inscrição).
manifestO é o espaço onde (quase) conseguimos ouvir o nosso coração a bater como um só. Acreditam? 
manifestO é o espaço onde começamos a escrever a nossa história. 
manifestO é um pequeno ponto na História do mundo. 
manifestO é (apenas?) mais um início na História com H grande - dizemos para terminar. 
manifestO é (apenas?) mais um fim na História com H grande - dizemos para continuar.

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